segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Pelo fim da perseguição ao Terreiro da Casa Branca no Engenho Velho

Recebi este texto e faço questão de solicitar que você repasse para todas as pessoas de sua lista de endereço eletrônico. Já passou da hora de cessar toda perseguição racista e religiosa contra o povo de santo.

O Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, Ilê Axé Iyá Nassô Oká, é uma das Casas de Culto mais antigas e respeitadas da religião dos Orixás, conhecida e venerada em todo o país. Foi o primeiro templo religioso afro-brasileiro a ser tombado como patrimônio histórico do Brasil. Foi também reconhecido como patrimônio cultural da Cidade do Salvador pela PMS, que primeiro o tombou e depois o tornou Área de Preservação Cultural e Paisagística deste município. O terreno que encerra os seus principais templos foi desapropriado pela PMS e doado à associação civil que representa sua comunidade religiosa. Posteriormente, o Governo do Estado desapropriou também, para o mesmo efeito, a chamada Praça de Oxum, que integra o conjunto monumental deste famoso Terreiro. Tudo isso está bem documentado, é de conhecimento público e matéria de lei que não pode ser ignorada.

Como todos sabem, a Constituição Brasileira, no seu artigo 150, considera imunes de taxas os templos religiosos. Não cabe dúvida de que o Terreiro da Casa Branca é um templo religioso. Como tal, aliás, foi tombado pela União e pelo Município. Podem testemunhá-lo o Ministério da Cultura e a própria Prefeitura Municipal do Salvador. Documentos etnográficos e laudos periciais o atestam abundantemente.

Não se compreende, portanto, porque motivo, ou com que propósito, a Prefeitura Municipal do Salvador insiste em cobrar imaginário débito de IPTU ao Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho e ameaça levar a leilão seus monumentos, seu território sagrado. Por acaso cobra-se IPTU da Igreja do Bonfim, do grande templo da Igreja Universal, dos lugares sagrados de outros credos e denominações religiosas em Salvador? Porque com as religiões do povo negro é diferente? Porque os templos afro-brasileiros são tratados de forma discriminatória? Não estão as autoridades do município conscientes de que o povo o da Bahia merece respeito e suas tradições de origem africana devem ser valorizadas? As ameaças que acompanham a insistente, impertinente, importuna e desrespeitosa cobrança de um imposto indevido têm levado o desassossego a veneráveis e idosas sacerdotisas, ao povo-de-santo da Casa Branca e de toda a Bahia.

É preciso pôr fim a esta ofensa ao sentimento democrático dos baianos, fazer cessar este insulto à cultura, esta agressão ao direito. A intolerância religiosa e o racismo institucional devem ser combatidos. O povo baiano não aceitará esse vexame, essa vergonha.

O Grupo Hermes de Cultura e Promoção Social, o Espaço Cultural Vovó Conceição e KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço, denunciam esse descalabro e conclamam todos a lutar para que os direitos das comunidades afro-brasileiras não sejam pisoteados.

Um comentário:

Anônimo disse...

O grande e velho problema é que o Estado Brasileiro, apesar de laico nos meandros oficiosos, reproduz uma prática social estilizada aos moldes eurocêntricos...è uma imensa contradição perceber uma discussão específica na PMS ( através da SEMUR), e a própria prefeitura aliar-se a uma concepção política e filosófica extremamente etnocída...
Perseguição a uma Instutição protegida pelo IPAC e o IPHAN, pode? Ainda caminhando pela águas da não-oficialidade, que tipo de prática política de participação popular é essa, que exclue quem "ontologicamente" constitiu "o popular" em Salvador.
Voltamos ao ponto inicial, para debater aquelas questões ensinadas por uma Velha Senhora: A História.
As ações políticas dessa cidade ainda são forjadas para uma elite branca,"torpe" e burguesa....
Que Xangô e os ancentrais da Casa antiga do Engenho...Yá Nassô Oká...e Yá Detá empenhe-se em dar respostas!
Esses nunca traem!!!!