segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Tragédia na Fonte Nova não pode ser esquecida

Manifesto minha solidariedade aos familiares das vítimas da tragédia que ocorreu no Estádio da Fonte Nova no dia 25 de novembro de 2007 quando sete pessoas morreram e 40 ficaram gravemente feridas. Um lance de arquibancada situada no anel superior da Fonte Nova desabou, por volta das 17h35min causando pânico e correria entre os torcedores que assistiam à disputa entre o Bahia e o Vila Nova, válida pela penúltima rodada da Série C do Campeonato Brasileiro.

A tragédia precisa ser apurada com rigor não como uma forma de vingança e sim de justiça. Queremos que os responsáveis sejam punidos. Aos familiares e amigos de Nídia Andrade Santos, Márcia Santos Cruz, Milene Vasques Palmeira, Jadson Celestino Araújo Silva, Djalma Lima Santos, Anísio Marques Neto e Joselito Lima Júnior a nossa solidariedade. Djalma Lima Santos era membro de nossa categoria.

O governo tem cumprido sua parte com o pagamento da pensão especial a duas famílias de vítimas fatais do acidente.

Além da perda de um ente querido as demais cinco famílias não tiveram acesso ao benefício porque a Justiça não definiu quem são os herdeiros legais. Queremos celeridade nesse processo e que a comissão de sindicância criada para apurar responsabilidades no acidente se manifeste o mais breve possível para que não se passe para a opinião pública que quando as coisas acontecem com trabalhadores e pessoas simples nada é feito e a impunidade prevalece.

sábado, 15 de novembro de 2008

Preconceito por quê?

Sempre soube que o trabalhador em limpeza enfrenta um alto preconceito em diversas camadas sociais, porém, recentemente observei algo que me deixou ainda mais escandalizado. Sou membro da diretoria do Sindilimp-BA (Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza do Estado da Bahia) e para resolver um problema trabalhista liguei para uma conceituada e querida empresa estatal para falar com uma funcionária terceirizada do setor de higienização. A resposta que recebi foi a de que ela não poderia de forma alguma atender telefonemas durante a jornada de trabalho e nem mesmo recados seriam dados.

Em uma outra empresa, fazendo uma visita para verificar problemas, vi que os trabalhadores terceirizados do setor de limpeza não podem beber a água mineral disponibilizada em local aberto para os funcionários contratados diretamente. Para os companheiros de minha categoria profissional colocaram um bebedouro com água natural filtrada em lugar mais escondido.

O Sindilimp-BA organizou recentemente uma manifestação no Centro Administrativo da Bahia (CAB) e constatei o desprezo e a discriminação de vários funcionários públicos contra os trabalhadores terceirizados do setor de limpeza.

Esses três exemplos servem para mostra que existe um forte preconceito que precisa ser combatido pela sociedade em geral contra os trabalhadores terceirizados, em especial os de limpeza. Qual a razão de tanto preconceito? Por que tratar o terceirizado com descaso e com ar de superioridade se todos nós somos trabalhadores e enfrentamos os mesmos problemas como a perda do poder de compra do salário e tantos outros em comum?

O trabalhador terceirizado que enfrenta os baixos salários, a contratação irresponsável por parte dos governos municipal, estadual e mesmo federal de empresas terceirizadas sem idoneidade e que vira e mexe são pegas em operações da Polícia Federal são obrigados também a lutar contra a discriminação.

Estudos do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Estatísticos e Socioeconômicos) mostram que a média de salários continua mais baixa em relação a trabalhadores diretamente contratados. Há trabalhadores desenvolvendo a mesma função, no mesmo setor, e que ganham 50% a menos do que quem é contratado, ou seja, a precarização do emprego na terceirização ainda é um destaque negativo.

Mais do que nunca a sociedade precisa valorizar o trabalhador em limpeza. O que você faria se encontrasse seu local de trabalho sujo? Como se comportaria se chegasse em um grande shopping e ele estive imundo? Você só encontra seu local de trabalho limpo e seu espaço de compra e lazer com limpeza porque o trabalhador terceirizado lá atuou.

O mesmo ocorre na cidade. O gari é um ser quase invisível. Quase ninguém o cumprimenta quando ele retira a sujeira da porta de sua casa, porém, quando fazemos greve todos podem observar a importância do trabalhador em limpeza no aspecto de saúde pública, meio ambiente e qualidade de vida.

Precisamos deixar de sermos iguais só na morte ou quando sofremos um grave acidente e somos internados nos hospitais públicos de emergência. Não podemos ser iguais só nesses e outros graves momentos. Vamos manter a diversidade e saber sempre que somos iguais, mas somos diferentes e precisamos nos respeitar. Chega de discriminação contra o trabalhador terceirizado e vamos juntos combater toda forma de segregação.