segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Segurança pública não pode ser sinônimo de violência racial

É inegável que a sensação de violência e a criminalidade precisam ser reprimidas pelo Estado, em nosso caso na Bahia pelas polícias Civil e Militar. O que vemos na periferia, no entanto, é o medo dos moradores tanto diante da violência da marginalidade quanto das polícias, em especial a PM.

No dia 22 de janeiro o jornal A Tarde publicou que até aquela data já se registrará, com números oficiais, 30 mortes de jovens em supostas trocas de tiros com as polícias Civil e Militar. Os números falam por si e não deixam margem para dúvidas.

Não propomos que o governo do estado fique imobilizado e deixe as polícias sem atuar contra o crime, porém, não podemos ver tanto jovem, negro e da periferia ser assassinado e ninguém tomar uma medida.

Ninguém mesmo! Do lado do governo vemos a conivência de todos e até mesmo a Sepromi (Secretaria da Promoção da Igualdade) que em tese foi criada para combater toda forma de racismo, inclusive a violência policial, não atua como deveria. No movimento social existem várias entidades que sempre foram ativas, mas como seus dirigentes estão vinculados a partidos políticos da chamada “base do governo”, pouco ou muito pouco foi feito.

Não podemos e não devemos nos calar diante da matança camuflada em “auto de resistência a prisão”. Quando se mostra algum morto com antecedentes criminais logo se diz que “era mais um traficante”. Ora, se é para combater o tráfico de entorpecentes de forma séria por que não atacar os grandes traficantes internacionais e seus braços baianos que se localizam não nas invasões e bairros periféricos e sim nos mais chiques endereços da cidade? Por que combater só o traficante varejista que se esconde em um casebre qualquer nos bairros pobres?

Não da para aceitar que batidas policiais feitas em nome da segurança pública deixem nos bairros pobres a juventude negra jogada no chão com “tiros pelas costas, pelos vidros traseiros dos carros, na cabeça, no tórax, de cima para baixo, a queima-roupa, o que revela a intenção de matar dos agentes do Estado”, conforme já foi publicado também por A Tarde.

Solicito ao governador Jaques Wagner que atue neste campo, observe os dados e mude verdadeiramente o que precisa ser mudado para dar um basta ao assassinato da juventude negra e pobre. Ao Ministério Público solicito uma ação não de censura, mas de restabelecimento da dignidade humana. A mídia sensacionalista tomou para si o direito de julgar, condenar e expor ao ridículo na televisão jovens presos, alguns até em tempo real. Será correto delegados e policiais civis e militares aparecerem dia sim outro também nesses programas acusando e chamando de perigoso marginal alguém que acabou de ser detido e ainda não foi julgado legalmente?

Finalizo dizendo que quero segurança pública, sim. Não, porém, ao preço de desprezo da lei que abre caminho para um estado policial e de exceção.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Uma vergonha chamada novela de Pituaçu

Sou torcedor do Esporte Clube Bahia, time que inaugurou em 1979 o Estádio Metropolitano Roberto Santos, que por razões políticas ou não ficou mais conhecido como Estádio de Pituaçu, porém, não é possível ver os absurdos cometidos com o dinheiro público para agradar a torcida tricolor.

Depois da tragédia da Fonte Nova que ocorreu no domingo, dia 25 de novembro de 2007, quando sete pessoas morreram, sendo que uma era membro da nossa categoria, dos trabalhadores em limpeza, Djalma Lima Santos, ficou patente que o problema maior do E.C.Bahia é a falta de competência administrativa, no mínimo. da direção do clube.

O E.C.Bahia é um clube, um negócio particular e dinheiro público é para ser gasto com a população em geral e não para beneficiar um negócio privado. Se o E.C.Bahia é deficitário por que não se larga o osso e deixam novas pessoas e novas direções assumi-lo? Já se vendeu dezenas de jogadores a preço de ouro. Daniel Alves é um exemplo mais recente. Onde e como se investiu os recursos dessas transações?

Vejo com tristeza na página da Conder na internet notícias sobre o Estádio de Pituaçu referindo-se apenas ao Bahia. A Conder está a serviço do clube ou do Estado?

Falo como cidadão e não como torcedor. Moro perto do Estádio de Pituaçu e poderia ir andando até lá. Quero ver o Bahia jogar em Salvador nos braços de sua torcida, mas não a qualquer preço.

A reforma do Estádio de Pituaçu foi orçada em janeiro de 2008 a um custo em torno de R$ 22 milhões no total. Não sei se pela responsabilidade, ou falta dela, da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) ou da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) chegamos a algo em torno de R$ 55 milhões de acordo com números oficiais.

O torcedor tricolor e os desportistas em geral, para ser mais exato, a população baiana toda, sem nenhuma distinção, precisa de casas populares, saneamento básico, saúde e educação públicas e de qualidade e tantos outros investimentos sociais do governo do Estado da Bahia. Será que neste momento e com tantas outras prioridades foi correto gastar R$ 55 milhões ou mais em um estádio de futebol?

Quero manifestar minha opinião independente e antes de saber a decisão do Instituto de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Claro que depois de se gastar tanto dinheiro público não vou propor a implosão do estádio que lá está desde 1979, porém, que as concessões para que o E.C.Bahia e demais clubes ou atividades particulares façam uso do espaço público sejam transparentes e mostrem que não mais em nossa terra as coisas serão feitas por baixo do pano ou com acordos políticos obscuros.

Como torcedor quero que o E.C.Bahia seja campeão. Como cidadão defendo, repito, que dinheiro público seja usado em benefício da maioria da população. Viva o Bahia! Viva a Bahia!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Contra o genocídio em Gaza

Acompanhamos com pesar desde o dia 27 de dezembro o massacre dos palestinos na Faixa de Gaza agora ocupada por terra pelo Estado de Israel. Dados parciais da Cruz Vermelha Internacional falam da existência de pelo menos 600 mortos e 3 mil feridos.

O Movimento Islâmico Hamas é chamado de grupo terrorista e radical. Para nós terrorismo é o praticado pelo governo israelense contra o povo palestino. Estão fazendo na verdade uma “limpeza étnica” e promovendo a matança de crianças, idosos e civis em geral. Tudo realizado sob a justificativa de estar reagindo em defesa própria. Como estudante de Direito sei que a legítima defesa significa usar força igual a existente em seu oponente para se defender. Como comparar estudantes e crianças com pedras aos tanques de guerra? Como comparar mísseis lançados de uma laje aos utilizados por Israel com os aviões de guerra mais modernos do mundo?

Constatamos não a legítima defesa e sim a desproporção no genocídio imposto aos palestinos por Israel.

Esperamos que as entidades representativas dos trabalhadores organizem manifestações repudiando as ações do governo de Israel contra o povo palestino que tem levado a esse quadro de destruição e de terror aos civis da Faixa de Gaza. Desde já o Sindilimp-BA (Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza do Estado da Bahia) se coloca à disposição para participar como um dos organizadores da atividade que deve ser coletiva.

Queremos que se abra uma solução negociada em defesa da vida e da paz e pelo imediato “cessar fogo” naquela região.