segunda-feira, 29 de março de 2010

Dois exemplos de dignidade

Nossa categoria quase sempre é destacada nos meios de comunicação por sua dignidade e honra. Foi assim com o salvamento de pessoas durante desmoronamentos, com bebês abandonados, encontro de valores em aeroportos e outros locais etc.

No dia 15 de março nossa companheira
Vânia Maria Corrêia dos Santos, 28 anos, encontrou na Avenida Tancredo Neves, perto de uma loja de luxo, um cheque no valor de R$ 35 mil, nada menos que 70 vezes o valor do seu salário. No dia seguinte, foi ao banco e depositou a quantia na conta do destinatário. A atitude de nossa companheira orgulhou e orgulha toda a categoria.

Vânia Maria Corrêia dos Santos com seu ato nobre, em contraste com a vida simples que leva, mostra que honra e dignidade não têm preço.

Parabenizo também o senso de cidadania, respeito próprio e compromisso social demonstrado por
Joseilson Santos Alves, funcionário da Vega Engenharia Ambiental.

Ao ver um deseducado de prenome Israel, proprietário do veículo placa nº JRA 4202, jogar lixo em via pública no Largo da Saúde no dia 26 de março, por volta das 9 horas, não titubeou e solicitou que ele fosse jogado em um container que fica perto local.

Manifesto minha solidariedade ao companheiro e indignação diante da atitude do tal Israel. O morador mostrou-se agressivo e tentou desferir um soco no trabalhador que conseguiu se desviar da primeira tentativa e tentou argumentar que era evangélico e não queria nenhuma confusão. Seu objetivo era apenas de alertar para uma melhor limpeza urbana.

De forma vil, algo comum aos covardes, Israel, acompanhado de outra pessoa, agrediu o companheiro Joseilson Santos Alves.

Imediatamente nós, da diretoria do Sindilimp-BA, o orientamos a registrar queixa crime contra "Israel" em razão da agressão física e ofensa moral e, de posse do boletim de ocorrência, nos comprometemos a tomar todas as medidas para que esse fato não fique impune.

Não podemos deixar esse ato vergonhoso e covarde de lado porque reflete a falta de civilidade de um morador que nem mesmo educação doméstica possui para entender que o lixo é para ser jogado no lixo e não na rua. Joseilson Santos Alves foi agredido mesmo mantendo uma postura educada. Vamos levar o caso à frente não como um sentido de vingança, mas para ser exemplar. Todos merecem respeito e o trabalhador em limpeza não pode ser exceção.

Um fato positivo. Um fato negativo. Ambos mostram a importância fundamental de nossa categoria para a sociedade. Não apenas deixamos as cidades limpas e garantimos a sustentabilidade socioambiental e mesmo de saúde pública coletiva. Somos também exemplo de ética, solidariedade e compromisso com o próximo.

Vânia Maria Corrêia dos Santos e Joseilson Santos Alves são dois exemplos de milhares de companheiras e companheiros que compõem a nossa categoria, dos trabalhadores em limpeza, da qual tenho extremo orgulho de pertencer.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Uma mulher lado a lado e nunca mais atrás

Estamos no "Mês da Mulher" e com certeza muito será escrito dobre o dia 8 de março em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. Aproveito este período para discutir e tentar derrubar alguns mitos que se petrificaram em nossa cultura. Um deles é o tal: "Atrás de um grande homem sempre há uma grande mulher". Ora, por que atrás e não lado a lado, por exemplo?

Quero aqui fazer uma abordagem sobre o fim da discriminação da mulher, da luta pela igualdade que o movimento feminista desenvolveu e desenvolve. Claro que a situação da mulher hoje não é a mesma que no século XIX, por exemplo. Muito se avançou e muito há por se avançar.

Em minha opinião o homem, sim, deve participar da luta chamada ser "da mulher". A libertação da mulher representa também a libertação do homem cansado de ter de cumprir um papel que a sociedade considera natural. Chegou-se a ser encarado como normal um homem que matava a companheira porque ela o abandonará para se relacionar com outro. Era a chamada "legítima defesa da honra". Ora, que honra é essa que oprime, agride e assassina o ser que se diz amar?

Como sou da categoria dos trabalhadores em limpeza onde a maioria das trabalhadoras é negra e na escala social ainda sofrem todo o preconceito e desvantagens do sistema injusto e racista do país, parabenizo a mulher negra que a cada dia avança em suas conquistas sociais.

Tenho orgulho de ser descendente de mulheres guerreiras. Foi assim que chegamos aqui. Foram elas que ao lado dos homens negros lutaram nos castelos prisionais, porões dos navios negreiros, casas grandes e senzalas.

O Sindilimp-BA (Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza Intermunicipal da Bahia) lançou neste mês uma campanha contra o assédio moral e sexual no ambiente do trabalho. É uma luta especial da mulher, porém, os homens da categoria, eu inclusive, não podem ficar de fora desta batalha.

A mulher vítima de assédio moral e sexual quase sempre apresenta problemas relacionados à saúde mental, pode ter estresse elevado, pode desenvolver sintomas de estresse pós-traumático e sintomas depressivos. Os efeitos refletem-se nas pessoas próximas a ela, na família e no grupo de amigos.

Será que um homem de verdade ao ver um caso de assédio moral e sexual acontecer em seu ambiente laborativo pode se omitir e não testemunhar ou denunciar um absurdo desse que ata e debilita uma companheira de trabalho?

Faço esse questionamento em legítima defesa. Repito: a luta da mulher é a luta de toda sociedade, pois a mulher livre liberta também o homem do papel autoritário que a sociedade machista definiu como sendo o dele.

Espero que esta discussão não fique apenas neste período do Dia Internacional da Mulher, mas que seja uma constante.