O Brasil tem duas datas consideradas “Dia do Agricultor”. A oficial é 28 de Julho, data instituída a partir do centenário da criação do Ministério da Agricultura, em 1960, por decreto do presidente Juscelino Kubitschek. Já a data de 25 de Julho é a mais popular, aquela que diz mais àqueles que com seu trabalho familiar sustentam o Brasil.
Quando falamos em agricultor nos referimos “ao pequeno agricultor, o homem e a mulher que trabalham na agricultura familiar e camponesa. E quando se refere aos grandes, os latifundiários e ruralistas, eles gostam de serem chamados de ‘produtores rurais’. E a imprensa frisa muito bem esta terminologia. De fato eles produzem e muito. Produzem, em primeiro lugar, a fome e a miséria porque roubam a terra de quem dela precisa. Produzem riqueza para eles. Os grandes não cultivam a terra, simplesmente arrancam dela o lucro”, como sabiamente definiu Pilato Pereira da Comissão Pastoral da Terra (RS).
Defendo a agricultura familiar porque hoje ela abrange 20 milhões de pessoas que podem alimentar o povo sem explorar o consumidor e garantindo produtos de qualidade na mesa de todos os brasileiros.
O trabalho dos agricultores familiares dignifica, gera renda e vida. É muito importante que reconheçamos este valor para que o poder público, cada vez mais, avance em políticas de garantia de renda e de suporte para essas famílias.
Quando falamos em agricultura familiar não podemos esquecer a participação fundamental do Movimento Sem Terra (MST). É a luta do MST e de todos os agricultores que mostra a todos os brasileiros que o fortalecimento da agricultura familiar depende de uma intervenção no conjunto das políticas públicas, considerando as políticas econômicas e políticas sociais como indispensáveis e complementares para o desenvolvimento.
A agricultura familiar merece mais pelo volume de alimentos que gera e pela força que deveria ter. Investir na agricultura familiar ajuda a garantir a permanência do homem no campo e favorece o desenvolvimento das regiões que estão longe das capitais.
25 de Julho deve ser um dia para celebrar e lutar. Colocamo-nos, desde já, firmes nesta luta ao lado de todas as lutadoras e todos os lutadores para que a terra seja de quem nela trabalhe, que a reforma agrária se faça e que todos os brasileiros tenham uma “mesa farta” com preço justo.
Encerro afirmando que a luta do agricultor pelo direito a terra e seu amor por ela alimenta meu corpo com os produtos e as minhas convicções de que a luta faz a lei e que juntos podemos e iremos mais longe.
*Luiz Carlos Suíca é militante do Movimento Negro Unificado (MNU), coordenador do Departamento Jurídico do Sindilimp-BA, bacharel em História e acadêmico de Direito.