terça-feira, 24 de novembro de 2009

Saúde pública: governo deve satisfação ao nosso povo

Não sou médico, mas não sou desinformado. A população, em especial a mais carente, está se desesperando com o crescente número de vítimas da Meningite C em toda a Bahia e o crescimento na região metropolitana de Salvador (RMS).

A infecção meningocócica C é causa doenças graves e pode atingir qualquer pessoa, mas crianças com menos de 1 ano de idade e final da adolescência são particularmente vulneráveis. Mesmo com tratamento imediato, a mortalidade pode ocorrer de maneira muito rápida. Os que escapam estão sujeitos a seqüelas graves.

Quem tem recurso está procurando as clínicas pediátricas e de imunização particulares para que seus filhos sejam vacinados. O preço médio é de R$ 100,00. Ora, não é preciso ser gênio para se saber que a população de baixa renda, mesmo querendo e desejando proteger suas crianças e adolescentes, não pode dispor de uma quantia dessa mesmo com todo sacrifício.

O que me impressiona é o silêncio do governo estadual. Em Camaçari, quando dos primeiros casos, a prefeitura, através da Secretaria de Saúde, manifestou-se oficialmente e disse estudar a vacinação de crianças e adolescentes na região atingida pela doença. Por que o governo estadual não atua da mesma forma?

Quando será tomada uma providência? Enquanto se gasta recursos públicos com tanta coisa secundária, será que o melhor passo não seria a vacinação contra a meningite prioritariamente para as crianças e adolescentes?

A própria Secretária da Saúde do Estado (Sesab) divulgou que até o dia 7 de novembro, 126 pessoas já morreram vítimas da doença na Bahia em 2009. Segundo o balanço, foram confirmados 1.143 casos, sendo que destes, 418 foram do tipo bacteriana, 542 do tipo viral e 183 por outras causas.

Sou acadêmico de Direito e um dos casos estudados na faculdade de bom contato com a imprensa vem da TAM, quando da queda do Fokker-100, em Congonhas, em 1996. Não estou defendendo a TAM, porém, a rapidez na resposta amenizou as conseqüências e danos à imagem da empresa aérea.

Poucas horas após o acidente, a empresa já tinha uma sala em um hotel próximo ao aeroporto preparada para receber as famílias das vítimas e a imprensa. Ainda que visivelmente nervosos, os porta-vozes da TAM conseguiram se comunicar bem e dar satisfação à opinião pública. Mesmo com as famílias das vítimas ainda hoje reclamando o não-pagamento pela empresa de indenizações que julgam justas, a TAM continua crescendo.

Faço esses comentários com o objetivo de auxiliar e finalizo questionando: Até quando o governo da Bahia, em especial a Sesab, vai manter o silêncio e a falta de ação que passa a imagem de incompetência para a maioria da população nesta questão da Meningite C?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cadê o Estatuto da Igualdade Racial?

Salvador será a sede brasileira das comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra este ano e contará com a presença, no dia 20, às 16h30min, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ato público referente à data.

Isto é algo positivo, sem dúvida, e que mostra a importância de Salvador, ou melhor, da Bahia na luta contra o racismo no Brasil.

Quero, porém, fazer alguns reparos ao Estatuto da Igualdade Racial aprovado em setembro na Câmara dos Deputados que em minha opinião é tímido e não cumprirá com os objetivos que inicialmente se tinham sobre ele.

A aprovação do Estatuto em sua plenitude garantiria ao povo negro direitos sociais que hoje não temos.

O acordão feito para a aprovação do Estatuto redundou em um monstrengo. O projeto aprovado tem pouca relação com a proposta original. Sacramentou a retirada do texto das propostas fundamentais como por exemplo a identificação da raça/cor em documentos do SUS, que serviria de base para traçar políticas públicas específicas. Em relação aos remanescentes de quilombos não ficou assegurado que terão a propriedade definitiva das terras ocupadas.

O que reivindicamos é uma política justa e correta de combate ao racismo e não apenas retórica no dia 20 de novembro.

Por fim, quero falar de minha categoria, de trabalhadores em limpeza. Nossa categoria é em sua maioria afrodescendente e temos que ter orgulho de nossas tradições e origem.

A data da imortalidade de Zumbi dos Palmares, assassinado no dia 20 de novembro de 1695, deve ser lembrada para reflexão a respeito das condições de vida da população negra brasileira.

Os negros ainda estão condenados a viver em condições subumanas. Isso é terrível, porque impossibilita que as pessoas se reconheçam positivamente. O dia 20 de novembro não é apenas para lembrar a morte do líder Zumbi. É um dia para revitalizar e fortalecer a população negra no sentido de que ela se reconheça e assuma os desafios que tem pela frente para garantir uma vida com qualidade.

A Fetralimp-BA (Federação dos Trabalhadores em Limpeza do Estado da Bahia) e os sindicatos filiados estão firmes na luta contra todas as práticas racistas e sempre estaremos ao lado das entidades e pessoas que compartilham com esse princípio.

"Zumbi é senhor das guerras
É senhor das demandas
Quando Zumbi chega
É Zumbi é quem manda".

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Fardamento escolar é uma necessidade para a boa Educação

Há uma antiga reivindicação do Fórum de Dirigentes Escolares da Bahia solicitando ao governo estadual a distribuição gratuita de uniformes escolares para todos os níveis através da Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC).

Até o momento nada foi feito nesse sentido e recentemente pude presenciar uma cena triste. Conversava com um dirigente escolar, um diretor, que permitiu a entrada de um estudante sem a camisa determinada pela escola.

O dirigente escolar disse que agiu assim porque prefere o aluno na escola que na rua sujeito à violência da marginalidade e até mesmo a policial que sempre atua no bairro periférico de forma firme e forte.

Não fosse a boa vontade e compromisso social do dirigente escolar em questão, teríamos mais um aluno fora da aula e fora da escola sujeito a todos os perigos e obstáculos na rua da periferia.

Ora, por que o governo do Estado que tem tanto recurso para utilizar em tantas coisas que considero secundárias, não distribui o fardamento de boa qualidade de forma gratuita como diversas prefeituras realizam?

Não estamos propondo roupas de luxo ou nada além do que o bom-senso prevê. Queremos a distribuição de dois uniformes por ano, um em cada semestre, contendo camiseta com escudo, calça jeans e tênis.

Pode parecer algo secundário a questão do uniforme, porém, não é. É prioritária a utilização de uniforme escolar.

Isso tem a ver com higiene e imagem que o aluno passa. A primeira impressão é a que fica. Não se trata de vaidade. Investir neste ponto trás como benefício uma maior motivação para o aluno freqüentar a escola. Vestir bem o estudante é aumentar e dar-lhe mais dignidade.

Já passou da hora da SEC atender a reivindicação do Fórum dos Dirigentes Escolares da Bahia, da APLB-Sindicato e demais entidades. Muitos pais e mães de alunos que lutam com dificuldades, desemprego e baixos salários não têm mesmo recursos para comprar mais de um uniforme escolar quando têm mais de um filho na escola.

Até quando vamos ver alunos fora da escola e perdendo aula por falta de uniforme? Quando a Educação vai ser levada como prioridade por um governo da Bahia? Vamos aguardar uma resposta e que ela seja breve em benefício da nossa juventude.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Arte popular da Bahia continua viva

No sábado, dia 31, a Bahia acordou mais triste: morreu o músico baiano Antonio Luís Alves de Souza, mais conhecido como Neguinho do Samba, com apenas 54 anos.

O enterro de seu corpo ocorreu hoje, dia 3, porém sua obra permanecerá viva para sempre. O samba-reggae sempre existirá. Pode e será transformado e modernizado, mas a raiz, a estrutura, a criação de neguinho do Samba estará lá presente.

O músico morreu em sua casa no Pelourinho. Nada mais simbólico do que isso. Uma vida dedicada ao Centro Histórico e no local onde funciona a Escola Didá.

Uma perda para sempre ser lembrada. Um trabalho cultural abnegado e voltado para a juventude tão carente de incentivo e ações positivas. Esperamos que o Estado assuma seu papel e mantenha o trabalho que Neguinho do Samba tinha com os jovens.

Um músico respeitado internacionalmente. Seu trabalho no Grupo Cultural Olodum e na Banda Didá nunca serão apagados.

Encerro este comentário lembrando de vida e renovação. No dia 23 de outubro realizou-se a final do 2º Festival Anual da Canção Estudantil, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Tive a oportunidade de assisti-la na TVE no dia 30, um dia antes da morte de Neguinho do Samba.

A apresentação dos 15 finalistas foi emocionante. Ver os diversos estilos musicais e estudantes de escolas tão variadas e de tantos municípios mostra que podemos e devemos ter fé na vida e no futuro.

Com certeza Neguinho do Samba sabia que deixou sementes férteis e herdeiros musicais. Quem trabalha com profissionalismo e seriedade nunca desaparece e viverá com referência daquilo que somos do ponto de vista cultural e humano no sentido mais profundo dessas palavras.

Viva Neguinho do Samba!