O adolescente Rodrigo Santos Conceição, 15 anos, baleado por soldados da 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) em Pernambués, no sábado, dia 15, precisa ser apurado de forma isenta.
Os policiais alegam que, durante uma incursão em busca de assaltantes foram recebidos a tiros por um grupo de cinco homens armados. Houve tiroteio e o garoto acabou sendo baleado. De acordo com o Departamento de Comunicação da polícia, com ele, foi apreendida uma pistola 380.
Sou do Pernambués, conheço milhares de pessoas e há uma característica de meu bairro, comum a todos os bairros populares e periféricos: Quando pessoas se apresentam, colocam o rosto para dar entrevistas e se propõem testemunhar a inocência de alguém, pode ter a certeza que é verdade.
Todas as pessoas que mantenho contato dizem que a polícia chegou atirando "No sábado, quando Rodrigo se bateu com eles no beco, com medo, correu", relata Simone Santos, mãe da namorada do jovem e dona da casa de onde ele acabara de sair antes de ser morto.
A mãe do rapaz Eliana Gabriel dos Santos e o pai Ronaldo da Conceição clamam por Justiça. São pessoas sérias, honradas, trabalhadoras, como a maioria absoluta da população do Pernambués. A vida do garoto Rodrigo Santos Conceição eles não podem trazer de volta. Querem agora é salvar a memória do rapaz, sua imagem e sua honra. Não aceitam a versão de que ele estava armado, que atirou na polícia e que morreu por ser marginal.
O jornal *Correio relata o seguinte: "A cunhada da vítima, 19 anos, afirmou que o garoto não tinha envolvimento com o crime e que, pouco antes do ocorrido, estava na casa dela com a namorada. 'Ele estava aqui em casa com a gente, pediu para fazer almoço e disse que ia cortar o cabelo para depois almoçar. Tem um beco aqui que já sai na Luís Eduardo Magalhães [avenida]. Todo mundo que estava na rua viu como tudo aconteceu, tinha muita gente porque era sábado. Falaram que quando ele chegou no beco e viu a polícia fez menção de correr e atiraram nas costas dele. Ele correu ferido, com sangue pingando, para a casa de uma moça e ficou no quintal. Quando ele foi ver se a polícia tinha ido embora, um policial o viu e disse 'aqui, ele está aqui'. A moça [dona da casa] pediu para os PMs não matarem ele, que era um garoto de família, que era para levar ele preso e não matar. Os policiais disseram para ela 'a gente não veio para prender, veio para matar'. Atiraram de novo nele e depois colocaram uma arma junto dele".
Querido secretário Almiro Sena, solicito sua intervenção direta neste caso. Não tenho a menor dúvida sobre sua correção, seu propósito de servir o povo da Bahia, sua fidelidade aos ideais de Direitos Humanos e combate ao racismo. Tenho a mais plena confiança que se depender de sua atuação a memória, a Imagem de Rodrigo Santos Conceição será restaurada. Que toda a sociedade saiba que morreu um garoto íntegro e que sua família não têm do que se envergonhar. Quem deve estar envergonhada é a sociedade baiana que neste caso também foi vítima da violência de maus policiais.
Fraterno abraço, Almiro Sena.
*Luiz Carlos Suíca