segunda-feira, 19 de julho de 2010

100 anos do Ilê Axé Opô Afonjá

Aquilo que me fortalece e me sustenta são as raízes que a cada dia faço questão de fortalecê-las.

As minhas raízes vêm do Candomblé. Sou filho de Belinha de Oxóssi, do mesmo barco de Mãe Stella de Oxóssi (Odé Kayodê) e outros de igual grandeza em nossa religião de matriz africana.

Ao contrário de diversos políticos e personalidades oportunistas que usam o Candomblé para se promover, ganhar votos e prestígios, sou, sim, adepto daquilo que os mais velhos nos deixaram; a fé nos Orixás.

Onde estão aqueles que têm "poder" que nada ou pouco fazem para deter o desmatamento? Para nós, a natureza é a morada dos Orixás e, sendo assim, deve ser preservada. A mata, por exemplo, é o local onde deixamos nossas oferendas.

Com emoção falo sobre os 100 anos do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, fundado por Mãe Aninha em 1910. Um símbolo de resistência e de vitória daqueles que se recusaram a seguir deuses impostos e se mantiveram fiéis ao que nos foi passado de geração em geração através da palavra dos mais sábios de nosso meio.

Ilê Axé Opô Afonjá, que significa Casa da Força Sustentada por Xangô Afonjá, não deve ser encarado como um lugar turístico. É nosso lar, nosso lugar sagrado, onde buscamos e encontramos forças para viver, resistir e vencer.

Tenho um exemplo marcante do significado da força do Ilê Axé Opô Afonjá. No dia 17 de fevereiro de 1997 houve um ataque aos trabalhadores da Prefeitura de Salvador, em especial da área de limpeza: 4.741 funcionários foram demitidos. Do dia para a noite milhares de famílias ficaram sem sustento e sem nenhum apoio. O Sindilimp-BA, entidade da qual faço parte com orgulho, não se calou e partimos para organizar a resistência contra este atentado.

Procuramos Mãe Stella que nos acolheu, deu apoio, sustentação física e espiritual e partimos firmes para a luta que recentemente se mostrou vitoriosa. Não tenho dúvida que além da ação política, pudemos contar com a força dos Orixás.

Mãe Stella, dentro tantas e inúmeras qualidades, investiu no conhecimento, lutou em todos os campos, inclusive no da política, escreveu livros, firmou identidade do Candomblé se opondo a prática do sincretismo religioso, muitas vezes imposto, que une a imagem de santos católicos à de orixás, construiu escola, museu, biblioteca e tantas coisas mais poderiam ser descritas aqui.

A história do Ilê Axé Opô Afonjá, repito, é a história da resistência e do heroísmo daqueles que, movendo-se pela fé, nos deixaram como legado algo que ninguém pode nos tirar, a honra, a fé e o Axé.

Como diz Mãe Stella de Oxóssi, "agora é continuar segurando a rédea das coisas, mostrando a veracidade da crença".

Parabenizo cada irmã e cada irmão do Ilê Axé Opô Afonjá.

Bençãos a todas Yás que na plenitude de Olorum continuam a guiar a Grande Casa de Xangô!

Bençãos ao Ilê Axé Opô Afonjá minha Raiz e minha maior Herança!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Dinheiro público só para alguns na Assembléia Legislativa

A diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza Pública, Asseio, Conservação, Jardinagem e Controle de Pragas Intermunicipal (Sindilimp-BA) recebeu funcionárias que prestam serviços gerais na Assembléia Legislativa do Estado da Bahia através de empresa terceirizada que denunciam o que consideram discriminação da direção da Casa. Os funcionários do quadro fixo e os comissionados, ou seja, os que servem diretamente aos parlamentares usam ônibus privativos locados junto à empresa Protour, que tem sua matriz no Rio Grande do Norte e desde 1987 atua no ramo de locação e terceirização de frotas de veículos.

As funcionárias relataram que todos os empregados terceirizados são proibidos de utilizar os ônibus e nem mesmo em casos extremos se abre exceção.

Ora, se os funcionários do quadro fixo e comissionados podem utilizar os veículos com o maior conforto, tranqüilidade, som ambiente e outras vantagens pagas com o dinheiro público, por que os terceirizados são discriminados? Quem atua na limpeza, cozinha, serviços gerais não podem gozar dos possíveis benefícios gerados com dinheiro público? Por que mães e pais de famílias de origem mais simples e que já recebem salários mais baixos podem pegar o transporte coletivo normal enquanto os nomeados pelos parlamentares usam ônibus de turismo confortável? Acredito que aquilo que vale para Chico deve valer para Francisco. Vamos avaliar junto com nosso corpo de advogados se cabe medidas legais contra este absurdo. Do ponto de vista moral não temos a menor dúvida que há algo errado neste episódio.

Repudiamos quaisquer formas de privilégio ainda mais com a utilização de recursos públicos. Quando vemos faltar dinheiro para postos de saúde 24 horas, escolas estaduais caindo aos pedaços e tantos descasos, será que é prioritário contratar ônibus de turismo para levar funcionários dentro do perímetro urbano?

Algo que mais me surpreende é que entre os deputados estaduais existem vários ex-sindicalistas e alguns até mesmo se apresentam como sendo de “esquerda”. Onde ficaram os princípios de igualdade de oportunidades que o pensamento progressista sempre defendeu?

Dentro da medida de nossas possibilidades, podem ter a certeza que sempre seremos uma voz que não se cala. Privilégios com dinheiro público, não!

Transur: Condenados ao esquecimento?

Os funcionários da antiga Transur (Empresa de Transportes Urbanos de Salvador) que tantos e bons serviços já prestaram à população de Salvador estão esquecidos e desde 1997 vagam de empresa em empresa, enfrentam o desvio de função, não recebem mais os reajustes da categoria dos rodoviários a qual sempre pertenceram inclusive com expressivas lideranças sindicais.

A empresa entrou em processo de liquidação e uma pessoa foi nomeada, possivelmente bem pago, para ser o liquidante. Porém, até o momento a empresa não é oficialmente extinta e cerca de 300 funcionários ficam sem um trabalho específico.

Na atual estrutura da Prefeitura de Salvador existe a CTS (Companhia de Transporte de Salvador) que deve cuidar do tal Metrô e demais meios de transporte integrado. Nada mais justo que os mais de 300 funcionários da antiga Transur sejam incorporados a essa empresa e reaproveitados em toda a sua capacidade profissional e pessoal.

Manifestamos nossa irrestrita solidariedade e esperamos que o bom senso prevaleça e os trabalhadores sejam respeitados!