O presidente da Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Salvador, vereador Luiz Carlos Suíca (PT), voltou a expressar preocupações em relação ao destino que terá o local onde hoje está o Terminal Rodoviário de Salvador. "Conversei com pessoas da região de Pirajá, Águas Claras e elas acreditam que a mudança trará benefícios em relação ao transporte coletivo e geração de emprego. Não sou contra a ampliação da Rodoviária e que isso se dê em outro local. O que não admito é que a área sirva à especulação imobiliária. Queremos assegurar que a área seja destinada ao lazer e formação educacional e cultural dos moradores da região de Pernambués, Saramandaia e outras. Por extensão isso beneficiará à cidade em geral. Penso em, algo como a 'Cidade do Saber' que temos em Camaçari, por exemplo,", afirma.
"O acesso à cultura ainda é privilégio de poucos em Salvador. Enquanto áreas chamadas nobres concentram as mais variadas opções de lazer, a população da área luta para usufruir o direito à cultura e ao lazer. Não podemos aceitar a lógica perversa de quanto mais popular uma região menos opções culturais existem. Construir um equipamento na área da Rodoviária atual contribui até mesmo para diminuir as ocorrências policiais porque está provado que a arte, a cultura, ajudam a afastar a juventude do crime. São visíveis as desigualdades entre a região e as áreas mais ricas. É para que se faça justiça social que apresentamos essa proposta", acrescenta o vereador.
Luiz Carlos Suíca afirma que a comissão que preside estuda um posicionamento coletivo sobre a questão. "Fico imaginando o transtorno que causaria um centro empresarial na região. Além do trânsito que hoje já é caótico teríamos também a elevação artificial dos preços de todos os imóveis daquela região. O Poder Legislativo não pode se ausentar desse debate, pois isso causaria uma maior especulação em terra urbana. A especulação acaba não apenas acompanhando como também moldando o processo de transformação do espaço. Haveria uma provisão de infraestruturas como vias, esgotos, redes de comunicação e outras em escala compatível na zona caso ela não seja utilizada em benefício dos moradores?", questiona.
O presidente da Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Salvador teme também pelas dificuldades de deslocamento da população de mais baixa renda, especialmente a da região vizinha. "O investimento do setor imobiliário, por conta de uma lógica apenas financeira e de negócios, pode empurrar as pessoas para lugares cada vez mais distantes, e com isso as distâncias que os novos moradores têm que percorrer para seu trabalho, por exemplo, acabam aumentando. A população de Pernambués, Saramandaia e região estão carentes de tudo e também de áreas de lazer e este terreno poderia servir para a prefeitura e o governo estadual, em parceria, construir ali um amplo espaço para a prática de diversas modalidades esportivas e formação cultural e educacional. Todos ganham com a proposta que estamos apresentando", finaliza Luiz Carlos Suíca.