A preservação da cultura negra no Brasil, em especial em Salvador, a maior cidade negra fora da África, interessa não apenas aos afrodescendentes e sim a todos os brasileiros porque ela é um dos pilares do que somos hoje enquanto povo e nação.
Além do extermínio físico da nossa juventude, vemos também a tentativa de destruição de nossa identidade cultural e ofuscar nossa herança, como se isso fosse possível.
No período do Carnaval o que mais vemos são discussões sobre a democratização da maior festa popular de Salvador. Qual é o lugar do negro no Carnaval da Bahia? Esse é o questionamento que faço.
Quando se discrimina os blocos afros, afoxés e outros grupos que reúnem em sua maioria afrodescendentes entendemos que isso representa um ataque à nossa cultura, nossa origem e nossa raiz.
Uma coisa lamentável que não se rompe por falta de vontade política é a famigerada ordem de entrada na avenida. Os blocos de trio são os donos, parece até que por vontade divina ou hereditariedade, do espaço público. Há uma série que nunca se rompe e que deixa os blocos afros somente para a madrugada. Por que não se estabelecer um novo critério que acabe com uma regra que o povo negro não estabeleceu já que o Ilê Aiyê, por exemplo, iniciou suas atividades em 1974? Por que esconder a negritude de nossa cidade?
Até mesmo uma grande parte dos compositores das músicas gravadas pelas grandes estrelas da chamada “Axé Music” são moradores dos bairros mais carentes como Nordeste de Amaralina, Engenho Velho da Federação, Liberdade, Subúrbio Ferroviário e outros. Não por coincidência são “quase todos pretos. Ou quase pretos”. São desconhecidos e invisíveis. A música é sempre atribuída ao intérprete. Quem ganha com a invisibilidade do negro?
Temos uma cultura de resistência e vamos continuar nessa postura. Não aceitamos ser coadjuvantes em nossa própria casa. Nossos sábios e mestres podem não ser citados, mas é nossa a cultura que eles cantam mesmo nos negando. Acabar com isso não se faz do dia para a noite porque temos que levar em consideração que um quinto da existência do Brasil se deu debaixo de uma brutal escravidão do negro.
A resposta dos negros sempre teve na cultura sua forma mais forte para superar as dificuldades e neste momento que se discute o Carnaval é oportuno que a sociedade debata com firmeza a questão de combate ao racismo e destruir a imagem mental de inferioridade que tentam colocar sobre a população negra.
Encerro homenageando Jucelina Santos Nascimento, Mãe Bandagola Unzambi, do Terreiro Unzó Niquice Kwa Ningunzo Kayango, nossa querida companheira Cecé, falecida no dia 15 e o corpo enterrado no dia 17 de fevereiro. Que sua luz continue nos iluminando e que possamos continuar sua luta por uma sociedade igualitária e justa como ela sonhou.
Além do extermínio físico da nossa juventude, vemos também a tentativa de destruição de nossa identidade cultural e ofuscar nossa herança, como se isso fosse possível.
No período do Carnaval o que mais vemos são discussões sobre a democratização da maior festa popular de Salvador. Qual é o lugar do negro no Carnaval da Bahia? Esse é o questionamento que faço.
Quando se discrimina os blocos afros, afoxés e outros grupos que reúnem em sua maioria afrodescendentes entendemos que isso representa um ataque à nossa cultura, nossa origem e nossa raiz.
Uma coisa lamentável que não se rompe por falta de vontade política é a famigerada ordem de entrada na avenida. Os blocos de trio são os donos, parece até que por vontade divina ou hereditariedade, do espaço público. Há uma série que nunca se rompe e que deixa os blocos afros somente para a madrugada. Por que não se estabelecer um novo critério que acabe com uma regra que o povo negro não estabeleceu já que o Ilê Aiyê, por exemplo, iniciou suas atividades em 1974? Por que esconder a negritude de nossa cidade?
Até mesmo uma grande parte dos compositores das músicas gravadas pelas grandes estrelas da chamada “Axé Music” são moradores dos bairros mais carentes como Nordeste de Amaralina, Engenho Velho da Federação, Liberdade, Subúrbio Ferroviário e outros. Não por coincidência são “quase todos pretos. Ou quase pretos”. São desconhecidos e invisíveis. A música é sempre atribuída ao intérprete. Quem ganha com a invisibilidade do negro?
Temos uma cultura de resistência e vamos continuar nessa postura. Não aceitamos ser coadjuvantes em nossa própria casa. Nossos sábios e mestres podem não ser citados, mas é nossa a cultura que eles cantam mesmo nos negando. Acabar com isso não se faz do dia para a noite porque temos que levar em consideração que um quinto da existência do Brasil se deu debaixo de uma brutal escravidão do negro.
A resposta dos negros sempre teve na cultura sua forma mais forte para superar as dificuldades e neste momento que se discute o Carnaval é oportuno que a sociedade debata com firmeza a questão de combate ao racismo e destruir a imagem mental de inferioridade que tentam colocar sobre a população negra.
Encerro homenageando Jucelina Santos Nascimento, Mãe Bandagola Unzambi, do Terreiro Unzó Niquice Kwa Ningunzo Kayango, nossa querida companheira Cecé, falecida no dia 15 e o corpo enterrado no dia 17 de fevereiro. Que sua luz continue nos iluminando e que possamos continuar sua luta por uma sociedade igualitária e justa como ela sonhou.