terça-feira, 29 de setembro de 2009

“Sim, nós podemos!”

Esse foi o grito de guerra do então senador Barack Obama para convencer a maioria da população que ele seria o melhor para a Presidência dos Estados Unidos da América.

Tenho origem na ação comunitária no Pernambués, local onde iniciei minha caminhada na luta popular e atuo junto ao GAP (Grupo Alerta Pernambués).

Queremos mostrar para os moradores e freqüentadores do Pernambués que “sim, nós podemos” ir mais longe, ter uma perspectiva de vitória e não aceitamos que nosso destino está traçado de forma negativa como nos querem convencer.

Mais do que constatar problemas queremos ter e ser instrumentos de mudanças da realidade atual. Mudança positiva só ocorre com união, mobilização e luta. Não queremos caridade. Queremos e vamos conquistar direitos.

Falar que o Posto de Saúde não presta um serviço decente, que o transporte coletivo é complicado e sem muita opção para os diversos pontos da cidade, que as escolas públicas precisam melhorar; que a violência da ação policial, das drogas e da marginalidade não podem continuar assim é fácil. Difícil é tomar a decisão de mudar e é isso que queremos.

Queremos ser notícia por ações positivas e ações que afirmem nosso valor. Chega de ler que professor de boxe é morto a tiros no bairro de Pernambués, criança de um ano morre queimada em incêndio, assassinatos quase todo dia, denúncias da violência policial encaminhadas à Corregedoria, jovens baleados, usuário de drogas assassinados e coisas desse tipo devem ficar no passado. Vamos juntos construir um futuro melhor para todos.

Não temos o “rabo preso”. Não temos nenhuma nomeação em governo municipal, estadual ou federal e, assim, temos independência para dizer e fazer ao contrário de quem se locupleta e em troca virá um “subalterno”.

Sim, nós moradores do Pernambués e demais bairros populares podemos construir uma sociedade melhor. Uma grande caminhada começa com o primeiro passo. Contamos com sua participação ativa de todos, pois só de forma coletiva vamos juntos vencer e derrotar quaisquer obstáculos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Yalorixá Mãe Hilda Jitolu


No dia 19 de setembro a Bahia, o Brasil e todos os que desejam construir um mundo de paz, tolerância e igualdade perderam uma guerreira, uma líder espiritual, uma sacerdotisa que há 50 anos comandava o Ilê Axé Jitolu: morre aos 86 anos a Yalorixá Mãe Hilda Jitolu.

Faço uma saudação especial ao Ilê Aiyê, primeiro bloco afro da Bahia, entidade fundamental no processo de fortalecimento da identidade étnica e da auto-estima do negro brasileiro. Saúdo Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, presidente da instituição e filho biológico de mãe Hilda.

A perda da Yalorixá Mãe Hilda Jitolu é profunda, em especial para os que professam o Candomblé como religião, como é o meu posicionamento. A melhor homenagem que podemos prestar é manter o bom combate que ela enfrentou: manter a difusão da cultura negra na sociedade, agregar todos os afro-brasileiros na luta contra as mais diversas formas de discriminações raciais.

Foi com a liderança firme da Yalorixá Mãe Hilda Jitolu que o Ilê Aiyê empenhou-se e construiu projetos carnavalescos, culturais e educacionais, resgatando a auto-estima e elevando o nível de consciência crítica. Com ela aprendemos que a defesa do povo negro será garantida com a prestação de solidariedade.

Em 2010 todos nós que saímos no Ilê Aiyê sentiremos a falta de Mãe Hilda comandando a cerimônia religiosa que antecede o desfile no sábado de Carnaval.

A Escola Mãe Hilda, que oferece não só educação formal, mas também oficinas artísticas e formação em cidadania, permanecerá, assim como o Ilê Aiyê, mostrando que a vida desta líder religiosa foi vitoriosa e que seus 86 anos de vida deixou sementes bem plantadas em solo fértil.

“Quando eu nasci todos ao meu redor sorriam e só em chorava. Quando eu morri todos ao meu redor choravam e só eu sorria. Sejamos todos fortes, pois só estamos nessa vida de passagem”, diz um ditado popular que neste momento não podemos esquecer.

Finalizo repetindo as palavras de Vilma Reis, coordenadora executiva do Ceafro e presidente do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado da Bahia (CDCN): “No ano de 1938 muitas coisas importantes aconteceram na Bahia, uma delas foi a chegada de Mãe Hilda ao Território Sagrado da Resistência Negra da Bahia, o Curuzu, para nos liderar, com outras destacadas senhoras de Salvador, a cidade das mulheres. Todas as vezes que o seu nome for pronunciado, o legado estará presente e nossa tarefa é continuar a batalha com os seus ensinamentos”.

Yalorixá Mãe Hilda Jitolu, morreu lutando e nossa luta não morre! Axé!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Campanha Nacional contra o Genocídio/Extermínio da Juventude Negra

Nota Pública
Comunicamos o Dia Regional de Mobilização Contra o Extermínio da Juventude Negra, a ser realizado nos dias 18 e 19 de outubro, do corrente ano em Salvador. Esta atividade integra a Campanha Nacional contra o Genocídio/Extermínio da Juventude Negra, coordenada pelo Fórum Nacional de Juventude Negra visando gerar em dimensão midiática, a sensibilização da sociedade às ações de combate e prevenção da violência racial destinada à Juventude Negra.

A Campanha no Nordeste é realizada em parceria com o Instituto Cultural Steve Biko, e surge como um instrumento de luta contra o racismo institucional orquestrado, sobretudo, pela policia brasileira. Emana em oposição ao extermínio dos jovens negros, encarceramento desproporcional da população negra; ao femicidio que vitima as jovens mulheres negras, a homo/lesbofobia que tem como alvo preferencial os homoafetivos negros (as) - no intento, da construção de uma política de segurança que respeite o povo negro e seja compatível com um Estado Democrático e de Direito.

Para que este objetivo político seja potencializado estamos criando mecanismos de fortalecimento das organizações juvenis no Nordeste, ocasionando os “dias de mobilizações territoriais”, haja vista detectamos que, embora exista o conhecimento da escandalosa letalidade de jovens negras (os) nas regiões metropolitanas, não se constata ações políticas voltadas para áreas interioranas, rurais, quilombolas invisibilizadas pelos governos.

Em concordância ao que foi explicado, pedimos às organizações negras, em especial àquelas já renomadas pelo importante embate frente ao genocídio do povo negro a nos acompanhar nesta ação de luta pela garantia da vida jovem, ceifada cotidianamente pela mão branca do Estado, pelo sensor de pretos dos cacetetes e revolveres policiais e, pelas “autas” resistências institucionais em prover políticas eficazes de superação das assimetrias sociais, cuja função tem sido injetar as drogas nas comunidades empobrecidas pelo sistema econômico do País.

Por fim, dispomos nossos contatos, a fim de que Você possa nos contatar, colaborar financeiramente, acompanhar nossas ações e fortalecer esta Campanha pela vida dos jovens, em nome dos nossos ancestrais, espíritos guerreiros que requerem corpos pretos para materializar na luta, uma nação que não expurgue o povo, que ponha fim na criminalidade desta droga de Estado e deste doloso Governo.

· Coordenação Nacional
BA - Carla Akotirene / Elder Mahin
PE - Marta Almeida / Jairo Nely
MA - Lorena Galvão

· Coordenação Regional
LGBT – Geovan Adorno
Religiões de Matriz Africana – Vivian Aqualtune
· Pró Fórum
PB - Luiza Regina
· Coordenação Estadual - Bahia
Railma Santos - Portal do Sertão
Roque Peixoto – Recôncavo Baiano
Sinho Yogi N´Kurumah – Região Metropolitana
· Articuladores da Bahia
Comunicação - Luedji Anjos
*Mia Lopes
*Márcio Viana
Intercâmbio Cultural – Mauricio Ramos
Mulheres - Fabiana Franco
Juventude em Conflito com a Lei – Eduardo “Machado”
Relação Institucional - Mara Assentewa
Religiões de Matriz Africana - Alberto Rocha
Região do Baixo Sul – Elienita Silva
LGBT - Esdras Marcio
Sudoeste Baiano – Daniele “Casa de Boneco”
· Gestão do Fundo Kellog de Apoio as Organizações Juvenis NE – Inst.Steve Biko – George Oliveira
Fonte: http://fojuneba.blogspot.com
Contato: fojune_bahia@yahoo.com.br

Obs.: Divulgamos esta atividade em nome do debate democrático. Envie sua contribuição que divulgaremos.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Enturmação mostra chaga social

Quando vemos o conflito entre o governo da Bahia e os professores contrários ao agrupamento de turmas com poucos alunos em uma mesma escola, para mim, algo muito sério e fundamental faltou ser dito: A enturmação, na verdade é o retrato pronto e acabo de um grave problema social que, sendo assim, precisa da participação de todos para ser resolvido.

Em primeiro lugar mostra o desinteresse da juventude ao que está sendo dado nas escolas públicas e a evasão escolar. É preciso que a Secretaria de Educação da Bahia (SEC) e os educadores estabeleçam uma política educacional que todos os setores incorporem-se e sejam participantes.

Desinteresse pela escola, necessidade de trabalhar e outros obstáculos mostram que para garantir a permanência do estudante na escola é preciso torná-la mais atrativa, interessante e cativante. Outro aspecto é mostrar aos familiares dos alunos os benefícios que a Educação pode trazer aos seus filhos.

A falta de alunos em salas de aula é a porta aberta para a marginalidade, a exclusão desses jovens da entrada no mercado de trabalho e todos os demais problemas que isso causa.

O segundo aspecto diz respeito aos professores e sua valorização através de respeito ao seu papel social e que os Estado remunere adequadamente esses profissionais fundamentais para a sociedade.

A APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia, muito corretamente, apresenta uma série de reivindicações à Secretaria de Educação. A Constituição Federal garante a Educação como direito de todo cidadão e que é dever do estado promovê-la. Para cumprir seu objetivo, a Educação oferecida deve ser de qualidade e preparar a juventude para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

A APLB aponta alguns obstáculos que impedem o pleno funcionamento da rede de ensino e isso deve ser levado em conta pelas autoridades governamentais. O documento aponta a carência de professores, contratação de estagiários ao invés de convocar professores concursados; ausência de coordenadores pedagógicos, profissional fundamental na construção do processo ensino e aprendizagem nas escolas; carência de pessoal administrativo e, para suprir essa falta, parte-se para a terceirização e contratação de temporários. Outro fato é a questão dos professores excedentes. Existe também um grande número de professores atuando na rede sem a formação adequada.

A enturmação nada mais é que a manutenção da prática de antigos governos que o atual prometeu modificar e, para a APLB, a SEC insiste em continuar usando o mesmo padrão de anos atrás para definição do número de alunos por turma sem se abrir para fazer um estudo atualizado sobre a questão.

Por fim, vamos à visão do governo do Estado, segundo a qual, “a enturmação acontece em apenas 28% das escolas da rede estadual e visa gerir os recursos públicos com responsabilidade”. Em Salvador são 173 escolas que estão enturmadas.

Finalizo afirmando que, em minha visão, a solução deve ser encontrada em processo ágil e que todos os setores sejam consultados. O confronto só aprofunda a evasão escolar, o desinteresse e o aumento da criminalidade. É preciso que o Estado cumpra com seu papel de proporcionar acesso ao planejamento familiar, políticas públicas de geração de emprego e rendas; educação e saúde pública de qualidade, oportunidades de qualificação profissional e acesso ao mercado de trabalho para os jovens; políticas de lazer e cultura, entre outras tarefas.

O Estado não pode e não deve relegar a Educação apenas a uma questão financeira. Sem o acesso a Educação as maiores vítimas são as pessoas com as quais sempre convivi e de onde me origino, os bairros periféricos. As vítimas da ausência de uma política educacional tem cor e classe. São crianças e adolescentes pobres, negros e que moram em regiões periféricas.

É preciso repensar atual administração e a política educacional em vigor. Queremos uma ação, evidente que não será imediata, mas que aponte para uma política de educação, lazer, saúde pública, cultural e outras que possam dotar a nossa juventude de uma perspectiva de um futuro digno e melhor e que passe longe do descaso e da violência contra a pessoa humana.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

E por falar em Independência...

Hoje é dia 7 de setembro e a questão da verdadeira independência do Brasil deve passar pela cabeça de todos que acreditam que este nosso País pode, deve e será melhor para todos se atuarmos de forma firme para isso. Isso passa por uma avaliação de nossa atuação política também.

“Se você é petista, por que apresenta tantas críticas aos governos da Bahia e o federal?”, alguém sempre me pergunta ou na falta de coragem manifesta este pensamento na minha ausência.

Como acredito no livre debate e que as amarras de quem controla a máquina governamental e partidária não podem nos derrotar, quero aqui fazer algumas considerações.

Só a cegueira partidária pode deixar de ver que houve no Partido dos Trabalhadores (PT) uma profunda mudança programática sem que isso fosse debatido e discutido com a totalidade dos militantes. Quem fala hoje nos governos petistas que um dos pontos programáticos do partido é a construção de uma sociedade “socialista e democrática”? O que se chamou de socialismo hoje virou o gerenciamento do estado capitalista.

De forma inegável, este período petista introduziu elementos que ampliaram a questão de justiça social, uma bolsa-família, um FIES, uma cota racial em diversas universidades e outros avanços pontuais, porém, muito longe do que previa o programa original do PT.

Os burocratas que hoje dominam a máquina partidária são um obstáculo ao desenvolvimento do ideário petista inicial que me levou a filiar, junto com diversos membros da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza do Estado da Bahia (Sindilimp-BA), ao PT.

Os dirigentes do PT são funcionários partidários, ou seja, recebem e bem para serem dirigentes, são os chamados profissionalizados. Isso tem um ponto positivo que permite a dedicação exclusiva ao trabalho partidário, porém, como contrapartida, traz a burocratização excessiva e a luta ferrenha para se manter no posto já que os salários são bons e ninguém abre mão de um padrão de vida para se arriscar no mercado de trabalho em crise.

As chamadas bases não são ouvidas e os burocratas jogam soltos para fazer o que bem desejarem.

Quando vejo gente como Heloísa Helena,, Chico Alencar, Milton Temer, Chico Oliveira, senadora Marina Silva, senador Flávio Arns, só para citar alguns já que a debandada foi muito grande e alguns até saíram de forma silenciosa, pergunto: Quem mudou, o PT ou estas pessoas de honra inquestionável?

Tratar com desdém e baixeza quem saiu e chamá-los de “envergonhados que saíram do PT”, mostra o nível de falta de debate político que o partido alcançou.

Faço esta observação, esse questionamento, porque acredito que o PT dos meus sonhos não pode e não deve morrer. É preciso que se trilhe o caminho do debate livre e não burocratizado. Que se valorize o militante e não apenas o dirigente partidário regiamente pago enquanto centenas de companheiros e companheiras passam dificuldades.

O PT que conheci era aquele ligado às bases, nas fábricas, locais de trabalho, escolas, igrejas, universidades, a sociedade em geral. Nossos aliados principais eram todos esses que saíram do PT e os demais que se distanciariam ou foram alijados das decisões partidárias.

Acredito que podemos estabelecer uma política de alianças e ação que tenham como aliados preferenciais o nosso povo através de suas lideranças de base, as organizações comunitárias, os sindicatos, os universitários e não o que vemos hoje.

Não me passa pela cabeça que gente boa possa ser tratada como inimiga enquanto os aliados preferenciais de hoje, na opinião dos burocratas do PT, sejam gente como Jader Barbalho, Renan Calheiros, José Sarney, Gilvan Borges, José Múcio, Romero Jucá, Collor de Melo, e outros tantos que passaram a circular na mesa petista com desenvoltura.

Em breve o Partido dos Trabalhadores promoverá o PED (Processo de Eleição Direta) e espero, para a sobrevivência do próprio PT, que o ideário inicial seja recuperado. Em legítima defesa!