terça-feira, 16 de junho de 2009

Das palavras à ação

Com esperança vi no dia 14 de junho a reeleição de Martiniano Costa para a presidência da Central Única dos Trabalhadores (CUT-BA) no 12º Congresso da entidade que reuniu cerca de 400 delegados onde, pela primeira vez, todas as forças políticas da Central compuseram uma chapa única no estado.

O discurso de posse aponta para a independência da CUT-BA diante do Estado, dos partidos e do patronato. Martiniano Costa falou da necessidade de defender os direitos dos trabalhadores e lutar para que se acabe na Bahia com "ilhas" nas quais não chegam água, energia elétrica, estradas, ou assistência médica.

Esperamos que se passe das palavras para a ação e a CUT-BA possa ser efetivamente um instrumento de defesa dos trabalhadores e não uma auxiliar do governo estadual. Onde houver acertos creio que o movimento sindical deve apoiar, porém, onde houver omissão, incompetência administrativas, como é o caso do tratamento dispensado aos trabalhadores terceirizados, o movimento sindical deve de forma unificada combater esse absurdo.

Sou filiado ao PT, porém, como sindicalista, não abro mão do direito e do dever de defender os trabalhadores em limpeza representados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza do Estado da Bahia (Sindilimp-BA) do qual faço parte da diretoria. Deixar que o petista supere os interesses dos trabalhadores para mim é peleguismo.

O PT que eu vi nascer era um partido diferente que não nasceu nos gabinetes, mas no movimento popular. Surgiu um partido verdadeiramente de massas, capaz de conciliar o intelectual e o operário, o ateu e o catequista etc.

O que resta desse PT histórico, o primeiro partido de esquerda da história do Brasil que alcançou um sólido lastro social? Quase nada.

O tratamento dispensado pelo governo da Bahia aos trabalhadores terceirizados em tudo faz lembrar as gestões que em tese o PT e seus aliados derrotaram. A arrogância de secretários e superintendentes são as mesmas ou quase as mesmas.

Sou um ativista e não um burocrata. Estou nas assembléias e mobilizações da minha categoria e fico triste quando companheiras e companheiros que vestiram literalmente a camisa do PT hoje fazem críticas e se dizem decepcionados com os rumos que o governo Wagner tomou. O que mais me entristece é que não posso fazer a defesa.

Faço as críticas não como um adversário ou inimigo. As faço para que a correção de rumo seja providenciada para que a decepção não aumente. Não se pode cair no discurso barato de apenas dizer que "a Bahia está mudando". Ora, ela está mudando sozinha sem a participação popular?

Finalizo desejando uma excelente gestão ao companheiro Martiniano Costa e demais diretores recém eleitos e reafirmo minha esperança que a CUT-BA possa ser um instrumento a mais na luta pelos direitos de todos os trabalhadores, em especial os mais explorados que são os terceirizados, e que esta defesa ocorra de forma desassombrada em todos os campos. Uma central sindical não deve ser corrente de transmissão de um partido político ou de administrações municipais, estadual e federal que tem a participação desse. A obrigação de uma central sindical deve ser com os trabalhadores e deve atuar de forma independente.