*Divulgo neste espaço a íntegra da nota oficial com o título acima emitida pela companheira Moema Gramacho, prefeita de Lauro de Freitas. Faço isto para aumentar o debate político, algo tão necessário neste momento em que se pensa mais na "oportunidade" que nos valores éticos. Outro objetivo é o de manifestar minha solidariedade a Moema Gramacho que com honradez enfrentou e enfrenta tantas dificuldades.
Luiz Carlos Suíca
Os últimos acontecimentos na cena política estadual da Bahia trouxeram a Lauro de Freitas uma grande constatação: tanto Roberto Muniz quanto João Leão mentiram para a população, quando tentavam desqualificar o Partido dos Trabalhadores, pois agora migram para o nosso projeto ou é apenas interesse pelos cargos, o que é ainda pior.
Tenho consciência de que, com a saída do PMDB da base do Governo do Estado, há necessidade de recompor as secretarias visando potencializar as ações do governo como um todo e não mais de pedaços.
O PMDB teve espaço demais, com um ministério, três secretarias e centenas de cargos nas estruturas do nosso governo. Aproveitando-se deste espaço, aumentou sua presença no estado, atraindo para si diversas prefeituras, entre elas a da capital, usando as estruturas dos governos estadual e federal para preparar o bote que se consolidou na última semana. Fica demonstrado que houve erro na estratégia de fortalecimento do PMDB. O Governador, com seu caráter democrático e paciência de "Jó", deu confiança demais a quem não merecia.
Agora, novo erro se apresenta, não apenas na forma, como no conteúdo. Nosso governo se depara com os sanguessugas profissionais da política, ávidos pelos espaços de poder, que saltitam de partido em partido (basta ver por quantos cada um deles já passou), para seguir "mamando" nas tetas do poder (pratica usual já demonstrada por eles), que usam os seus parlamentares como moeda de troca. Vale ressaltar que os parlamentares não merecem esse tratamento, principalmente porque, na hora da divisão do bolo, os que se sentem donos das legendas é que ficam com a maior fatia.
Suas práticas extrapolam ao que costumamos entender como sendo negociação política. Eles se aproveitam do bom caráter do Governador, que não consegue enxergar a sordidez daqueles que nunca se conformaram com as derrotas consecutivas na disputa pela Prefeitura de Lauro de Freitas, que eles historicamente trataram como um feudo e onde fracassaram, juntamente com Geddel, nas últimas eleições. Não é uma simples coincidência que as duas únicas lideranças apresentadas por eles para ocupar as Secretarias do Governo são as que derrotamos aqui. É muita cara de pau!
Não questionamos a necessidade e a importância de atrair mais partidos para a base aliada do Governo do Estado e de fortalecer os partidos que já a compõe. Sabemos que era inevitável a contemplação do Partido Progressista, mas, qual o real peso político que este partido possui, quando só consegue apresentar duas indicações para ocupar os espaços no governo (Roberto Muniz e João Leão)? Será que eles não têm ninguém, de fato, de valor neste partido? Não, devem ter. Mas, não para tal propósito. Dar ao PP mais uma secretaria e logo a de Infraestrutura é completamente desproporcional à sua real representatividade no estado. O erro consiste não apenas na definição da secretaria, mas, também em relação ao nome escolhido. As práticas de João Leão falam por si e são conhecidas por onde ele passa.
Espero que o Governador acerte no resultado eleitoral, pois quero vê-lo reeleito. Este projeto é nosso, ajudei a construir e quero continuar ajudando a consolidar o projeto de inclusão social, participação popular, melhoria da qualidade de vida de nossa população, enfim, da permanência dos ventos de democracia que sopram no Estado da Bahia a partir da vitória do companheiro Jaques Wagner.
Gostaria muito que todas estas mudanças fossem possíveis sem precisar deste tipo de negociação com aqueles que não estão preocupados com a implementação das políticas públicas, mas sim, com o quanto engordarão durante sua passagem pelo governo.
O Governador deve tomar cuidado, pois esta turma pode nos trair como a turma anterior fez e é bom não esquecer que eles são aliados na capital do estado. Eles seguirão servindo aos dois projetos, antagônicos, ao mesmo tempo? Este comportamento oportunista é da natureza deles.
Nós, que há 30 anos comemos sal e poeira, apanhamos da polícia, que estava a serviço deles, fomos presos por lutarmos por liberdade e democracia, sorrimos juntos pelas conquistas e choramos pelas derrotas que tivemos, nunca nos vendemos, nunca chantageamos e resistimos como oposição. Os ponguistas, entretanto, se aproveitam da necessidade de "governabilidade", para justificarem seu adesismo e se colocarem como governistas, independente do projeto e de quem esteja no governo. É triste vislumbrar que o método para obter espaços de poder continua o mesmo.
Quero reiterar os pleitos que já apresentamos ao longo destes dois anos e oito meses e temos certeza que nosso Governador, apesar da opção pelo fortalecimento do PP, não permitirá retaliação, por parte do novo secretário, que nunca escondeu de ninguém sua estratégia de tentar sufocar o funcionamento do nosso Governo Municipal. Nunca fomos e não somos fisiologistas, temos compromisso e, neste sentido, não trocaremos nosso apoio por cargos na estrutura do nosso governo, mas sim, cobraremos as ações e obras que se reverterão em benefício para o povo de Lauro de Freitas, tais como a revitalização da Estrada do Coco, a implantação das cinco passarelas naquela via estadual, a ampliação da Avenida Gerino Souza Filho, a construção da estrada alternativa à Estrada do Coco, a revitalização e reforma do Cine Teatro e do Centro Social Urbano, a finalização da construção das casas do Caji/Vida Nova, a construção da UTI do Hospital Menandro de Faria e de duas escolas de Segundo Grau, a destinação de mais viaturas, de mais policiais, bem como políticas mais consistentes na área de Segurança Publica para o nosso município. Nosso povo já demonstrou qual é a sua opção política ao nos eleger e não quer saber do vai e vem dos partidos. Quer mesmo é ver os seus problemas resolvidos.
Se essas obras forem feitas e os "novos" governistas não nos traírem antes das eleições de 2010, nosso Governador poderá ter dois palanques em Lauro de Freitas: Um verdadeiro, que é o nosso, com o povo que ajudou a nos eleger, que o elegeu e elegeu o Presidente Lula, e outro com aqueles que diziam que nosso projeto era inviável, que lutaram contra nos, de forma desleal e que agora, neo-governistas, mudaram de posição.
O Governador contará sempre com o meu voto de fidelidade partidária, de respeito aos nossos 30 anos de amizade e de reconhecimento pela sua história de luta.
Peço desculpas pelas palavras, às vezes ácidas, mas aprendi com o companheiro Wagner que política se faz com razão e emoção; se eu não puder fazer desta forma, saio da política.
Moema Gramacho
Prefeita reeleita de Lauro de Freitas