segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Crime não deve ser confundido com ritual religioso

Com revolta a sociedade baiana e brasileira tomou conhecimento da violência contra um menino de apenas 2 anos e 7 meses de vida. Várias agulhas foram introduzidas em seu pequeno corpo e o menino corre risco de morte. Esperamos que a cirurgia ou cirurgias ocorram com sucesso e que o garoto de Ibotirama sobreviva. Um crime que estarrece todos os brasileiros.

O ex-padrasto da criança, Roberto Carlos Magalhães Lopes, Maria Souza Santos e Maria dos Anjos Nascimento, sempre citada na imprensa como “mãe de santo" , são os supostos autores desta barbaridade que merece ser punida exemplarmente.

O que me preocupa como cidadão brasileiro e adepto do Candomblé é que este crime seja utilizado para mais uma vez se atacar as religiões de matriz africana.

Não há uma única religião afro que pregue sacrifício humano. Não podemos e não vamos aceitar que se vincule de forma imediata o crime e o universo do Candomblé e demais manifestações. Este crime desprezível sob todos os aspectos não deve servir para mais um movimento de intolerância contra as religiões afros e seus adeptos.

Sei que o estrago está feito e que muito ainda vai se falar sobre magia negra, ritual macabro e outras coisas mais. Para mim, o que houve foi um crime cometido por pessoa ou pessoas sem nenhum escrúpulo.

As religiões afros não podem ser sempre relacionadas ao diabo, a algo ruim. A demonização de figuras do Candomblé, especialmente de Exu, é uma constante. Queremos acabar com isso.

Assassino, criminoso, agressor de criança deve ser qualificado como tal. Imputar o crime, qualquer que seja, a uma determinada religião é uma generalização perigosa. Há vários casos de pedofilia envolvendo padres e pastores, porém, ninguém sério pode dizer que essa seja uma orientação e uma prática de suas igrejas.

Como cidadão, sindicalista e militante das causas sociais espero que o menino de Ibotirama sobreviva, que sua mãe Maria de Souza Santos seja confortada e amparada neste momento difícil, que os criminosos sejam punidos. Não aceito, porém, que nas entrelinhas dos noticiários e comentários se aguce a intolerância religiosa, pois o preconceito é pré-histórico, não coaduna com nosso tempo.

A Justiça com certeza se fará. Que seja o mais rápido possível para não se causar mais vítimas além do garoto agredido por quem deveria protegê-lo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Prezado Senhor;
Foi com muita tristeza que ví esta ação odiosa perpetrada por criaturas que não podemos classificar como humanas ser vinculada a minha crença religiosa.
A ignorância, má-fé e o total desconhecimento da historia sobre os cultos de origem Afro-brasileira é impressionante. Ou não. Com certeza reflete apenas o caráter conservador e xenofobo de nossa sociedade.
Infelizmente não há espaço na midia e nem interesse real em esclarecer os fatos. Não apenas neste caso como em dezenas de outros!
Seria importante deixar-se claro que magia negra é uma prática abjeta de origem Europeia nunca tendo sido praticado em solo Africano até a invasão colonial europeia, que destruiu toda uma cultura milenar.
Mas como podemos combater isso se existem "Pais de Santo e Mães de Santo" que se intitulam "Fulano do Diabo", "Sicrano de Lucifer" e por ai vai. O que esta gente tem haver com a nossa religião?
Qual o forum apropriado para se discutir estas questões?
Em busca do acumulo de riqueza material do que mais estas pessoas serão capazes?
A pulverização das casas de candomble, sempre voltadas para seu proprio umbigo e aversas a organização enq