Como cidadão, professor de História e sindicalista sei o quanto os setores democráticos de nossa sociedade lutaram para que se restabelecesse o Estado de Direito e a livre manifestação de idéias, em especial o direito de votar e ser votado.
Vejo com tristeza que a campanha eleitoral em Salvador está indo por um rumo ruim para o debate das idéias. Passou-se quase para briga de rua ou de boteco de quinta categoria.
"Triste Bahia! Oh quão dessemelhante." O que vemos agora é algo parecendo com pagode de baixa qualidade. Diz-se que fulano traiu sicrano que traiu beltrano, e que vai trair o povo soteropolitano.
O governador da Bahia, Otávio Mangabeira, já dizia: "Pense num absurdo. Na Bahia tem precedente". Que sapiência, que verdade tão verdadeira.
Como telespectador assíduo dos programas eleitorais me deparo com uma pérola rara. Um candidato, que busca a reeleição, acusa outro candidato adversário de traição porque esse teve a dignidade de votar, em determinada matéria, de acordo com sua consciência. Incrível como isso acontece, alguém ser fiel à sua consciência e ser tachado de traidor. Será que o acusador não pensou duas vezes antes de fazer tal afirmação? Se o fizesse não cometeria tal impropério, pois traição é uma coisa tão feia, tão torpe.
Parece-me que histórias de traição são constantes na política de Salvador. Basta relembramos de alguns fatos. O candidato que busca a reeleição e que acusa o outro de traidor foi eleito por um partido e sequer foi fiel à legenda pela qual se elegeu. Chegou até a ser chamado, publicamente, de traidor pelo presidente do partido que pertencia. Depois, o dirigente partidário vergonhosamente pediu desculpas à população por ter votado no "traidor" do prefeito.
Mas não é só isso, a ingratidão também é uma coisa horrenda. Além de ser acusado de traidor, o candidato à reeleição foi rotulado de ingrato, vejamos o que foi postado no blog do jornalista Ricardo Noblat: " Ingrato o prefeito fulano de tal (PDT) de Salvador levou R$ 3 milhões do governador (PFL) para investir no Carnaval da cidade. E no entanto, sequer atravessou os poucos metros que separaram o seu camarote do governador para cumprimentá-lo."
Traição e ingratidão também sofreram os auxiliares do candidato à reeleição que foram demitidos da forma mais aviltante . Só souberam da exoneração através do Diário Oficial do Município. Os casos mais gritantes de falta de consideração foi o acontecido com o Secretário de Comunicação, um brilhante e sério jornalista, com o competente secretário de Governo e tantos outros.
Portanto, antes de falar em traição e traidor, o indivíduo teria que se olhar no espelho.
Queremos que a administração municipal que saia das eleições de 2008 faça a inversão de prioridades e crie uma forma de governar com grandeza e não com baixarias.
Este espaço destina-se ao debate de idéias e para que ele cumpra com o papel que desejamos precisa da divulgação, acesso e comentários. Durante muito tempo difundiu-se a idéia que trabalhador é para trabalhar e não para pensar e expor suas idéias. Chega de ficar vendo os chamados intelectuais, os “capas-pretas” nos partidos chegarem com suas idéias prontas e colocar a “raia miúda” para pegar no pesado. Vamos mostrar que sabemos e queremos discutir idéias e projetos para a sociedade.
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